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23/10/2018 0 Comentários Vírus Zika em África: Aumento da incidência de defeitos congénitos raros em AngolaA infeção pelo vírus Zika é transmitida pelo mosquito Aedes e por outras vias não transmitidas por vetores (sexual, transfusão e materno-fetal). Clinicamente, a maioria das infeções é assintomática ou produz doença leve com sintomas inespecíficos, como febre, dor de cabeça, artralgia, conjuntivite e maculopapular erupção cutânea. Este vírus foi inicialmente isolado de macaco (de um estudo de febre amarela) na floresta Zika em Uganda. Nas décadas seguintes, o vírus foi detetado e isolado de mosquitos e em amostras humanas na África e na Ásia. Existem duas principais linhagens do vírus Zika, a africana (representada pelo primeiro isolado, a linhagem MR766) e a linhagem asiática. O vírus Zika era considerado uma doença relativamente benigna transmitida por flavivírus até que uma epidemia na Micronésia (Ilha de Yap) em 2007 e depois na Polinésia Francesa entre 2013-2014, marcaram um turnover da doença, com expansão do seu potencial epidémico, virulência e distribuição geográfica, associados a estirpes pertencentes à linhagem asiática. Desde 2015, houve um grande surto do vírus Zika nas Américas, com projeção mundial e enorme impacto epidemiológico no Brasil, onde provavelmente foi introduzido em 2013. Desde então, várias complicações neurológicas têm sido associadas à infeção pelo vírus Zika, incluindo a Síndrome de Guillain-Barré e a Síndrome congénita do Zika em infeções transmitidas verticalmente. A infeção pelo vírus Zika durante a gravidez pode causar microcefalia e outras anormalidades cerebrais fetais graves, como calcificações intracranianas e lesões oculares. De acordo com o relatório do Registro de Gravidez do Zika dos EUA, entre todas as gestações com evidências laboratoriais de possível infecção pelo vírus Zika, a incidência de defeitos congénitos em fetos ou bebés foi de 5% e quase todos (89%) relacionados a anormalidades cerebrais e/ou microcefalia. Noutro relatório recente dos territórios franceses das Américas, que incluiu apenas gestantes sintomáticas com infeção pelo vírus Zika, a incidência em fetos e bebés com defeitos congénitos e microcefalia em geral foi de 7% e 5,8%, respectivamente. Incidências mais altas de defeitos congénitos (8 % e 12,7%) também foram detetados quando a infeção pelo vírus Zika ocorre durante o primeiro trimestre da gravidez. Em África, casos recentes de Zika transmitida por mosquitos têm sido reportados em Cabo Verde, Guiné-Bissau e Angola. Uma estirpe de Zika foi identificada em Cabo Verde (linhagem asiática) e na Guiné-Bissau (linhagem africana). Em Angola, a estirpe do vírus ainda não foi identificada e, recentemente, registou-se um aumento na incidência de microcefalia congênita, principalmente no sul da região de Luanda. Este aumento pode ser importante devido à potencial propagação do vírus Zika de Angola para outros países da África continental. Entre Fevereiro de 2017 e Maio de 2018, nasceram em Angola, 72 bebés com microcefalia, provavelmente vítimas do emergente surto de Zika nesse país.
Os casos não foram amplamente divulgados, mas um relatório interno da Organização Mundial de Saúde analisado pela Reuters concluiu em abril que a confirmação de dois casos de uma estirpe potencialmente perigosa de Zika do início de 2017, junto com os casos de microcefalia identificados desde então, fornecem "fortes evidências" de um cluster de microcefalia ligado ao Zika em Angola. O surto angolano acontece num momento em as atenções para o vírus do Zika têm diminuído, pois já passaram cerca de dois anos e meio desde a declaração de emergência de saúde global contra o vírus Zika em Fevereiro de 2016, durante a epidemia que atingiu a América do Sul, principalmente o Brasil, e desde então já foram gastos cerca de 1 bilião de dólares de fundos dos EUA para combater a doença. É necessário prestar atenção a estes novos desenvolvidos relativos a este tema e manter o investimento para garantir a melhor proteção das mulheres e bebés de todo o mundo. Para mais informações, clica aqui.
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