Bangladesh: Influência das Alterações Climáticas no Número de Abortos

Investigações recentes revelaram que, em algumas regiões rurais ao longo da costa este do Bangladesh, ocorre um número de abortos superior ao que seria expectável e que, a motivar tais números, poderão estar as alterações climáticas.

São vários os fatores que poderão contribuir para estas diferenças:

1. Existência de verões muito secos e invernos muito chuvosos, que impossibilitam o cultivo sustentável de alimentos;
2. Períodos prolongados de chuva, propício a cheias, com alterações nas condições de habitação;
3. Deslocação de população para regiões mais interiores, florestais, onde sofrem com menor intensidade os efeitos das chuvas e cheias;
4. Aumento dos níveis da água do mar, que levam a inundações e contaminação dos reservatórios naturais de água doce com água salgada; a alteração do grau de salinidade das águas, que para além de levar à alteração dos solos, tornando-os impróprios para o cultivo de alimentos, implica alterações na disponibilidade de água potável, o fator que mais consensualmente se assume estar a afectar as grávidas;

Uma das mais interessantes conclusões destes estudos, e que foram recentemente noticiados pela BBC News, é o facto de se verificar que, em zonas mais distantes da costa, ocorrem menos abortos (tome-se o exemplo de Chakaria, região litoral do país, onde 11% das gravidezes terminam em aborto enquanto que, em Matlab, no interior, são 8% das gravidezes as que têm o mesmo desfecho). Também na região costeira chega o consumo de sal diário ao valor de 16g/dia, em parte devido ao consumo de água altamente salinizada, valor três vezes mais alto que o das regiões do interior do país e três vezes acima dos valores recomendados pela OMS.

Este é apenas mais um exemplo dos subtis efeitos que as alterações climáticas podem trazer à saúde humana.