1) Nome, ACES de colocação, Ano de internato, respetivo Estágio do internato
Mariana Perez Duque, USP Porto Ocidental, 4º ano, estágio opcional. 2) Instituição, Cidade e País Universidade de Cambridge, Cambridge, Reino Unido. 3) Como foi o processo de candidatura? Não há absolutamente nenhum processo de candidatura. Há um contacto/discussão de projeto com o proposto orientador (como o exemplo da tese de mestrado em Medicina). 4) Quais foram as tuas funções? Fui investigadora/cientista visitante de um grupo de investigação em epidemiologia de doenças infeciosas. 5) Achas que foi uma experiência enriquecedora a nível profissional? Quais as maiores aprendizagens? Aprendi muito com o meu orientador e colegas em métodos, sobretudo a nível computacional, biologia, genética e ecologia. Tive oportunidade de aprofundar conhecimentos em dinâmicas de doenças, desde o seu nível genético, aos níveis mais macro, epidemiológico e ecológico, percebendo todo o ciclo de uma doença. 6) Tiveste oportunidade para conhecer melhor outros colegas e a cidade onde decorreu o evento? O grupo de investigação onde estive reúne todas as semanas para discutir temas e linhas de investigação, bem como reúne com outro grupo de investigação em zoonoses semanalmente. Fora do ambiente académico havia também todas as semanas eventos sociais, onde todos se reuniam para confraternizar. 7) O que achaste de Cambridge? Cambridge é académica e empresarial com muitos eventos e oportunidades de colaboração. A cidade fica localizada no Cambridgeshire, a nordeste de Londres (60 minutos de comboio da estação de Kings Cross). É plana e a maioria das pessoas circula de bicicleta ou a pé, há muitos parques e zonas verdes. Achei muito estimulante, bucólica e pitoresca. 8) O que mais te marcou nesta experiência? O ambiente de máxima responsabilidade com máxima confiança. O companheirismo dos meus colegas, que se tornaram amigos. 9) Que conselhos darias a outros internos que gostassem de ter uma experiência semelhante? A todos os colegas que gostem da área de investigação, identifiquem uma área específica que gostem e que queiram aprofundar, pesquisem que grupos a nível mundial são pioneiros nessa área e contactem os líderes desses grupos para discutir um projeto/estudo.
0 Comentários
28/4/2022 0 Comentários DIOGO CORTES LOPES @ Elective do Mestrado em Saúde Global, na Universidade do Rosário, Bogotá - 20221) Nome, ACES de colocação, Ano de internato.
Diogo Cortes Lopes, ACES Amadora, segundo ano (CESP) 2) Estágio do internato. Instituição, Cidade e País. Data de realização do estágio. Encontro-me a realizar o Curso de Especialização em Saúde Pública (CESP) na Universidade de Maastricht, nos Países Baixos, de Setembro de 2021 a Agosto de 2022. Estou a realizar o mestrado em Saúde Global, que tem vários electives. Um destes é em Saúde Comunitária na Universidad del Rosario, em Bogotá. 3) Como foi o processo de candidatura? Para o mestrado em Maastricht foi bastante fácil, basta preencher um formulário online e no dia seguinte já tinha a confirmação de que tinha sido aceite. É preciso mostrar um nível de inglês (B2 ou superior) e depois enviar o certificado de conclusão do curso de Medicina. Posteriormente, é preciso pedir autorização à Comissão Regional do Internato Médico (CRIM), que pede parecer à Ordem dos Médicos (OM). Este processo demorou uns 2-3 meses, pelo que recomendo começar o mais cedo possível. Para o elective em Bogotá, todos os alunos do mestrado puderam realizar os electives onde queriam (se não houvesse vagas para todos onde queriam, seria por carta de motivação). Para este elective é preciso ter um bom nível de espanhol (B1 ou superior). Eu acho que pelo menos B2/C1 é necessário para poder comunicar com as pessoas de forma eficaz (basicamente não falam inglês). 4) O que achaste da Universidad del Rosario, Bogotá? A Universidad del Rosario é uma das mais prestigiantes universidades da América do Sul. Toda a parte de integração e imigração estava bem organizada. Também nos recomendaram locais de alojamento e nomearam um aluno colombiano para ser nosso “buddy” local. Como as aulas foram muito práticas, num projecto local, não passei muito tempo nas instalações da Universidade. 5) Quais foram as tuas funções? O elective em saúde comunitária está integrado nos cursos de Medicina e Saúde Pública da Universidad del Rosario. É-nos dada liberdade para escolher entre vários projetos. Eu fiquei numa fundação no muito empobrecido bairro El Codito, a norte de Bogotá. Desenvolvi, com outra colega, um projeto para idosos de avaliação de necessidades em saúde mental. Implementámos questionários de rastreio de depressão e o mini-mental state examination (MMSE). Desenvolvemos ainda atividades de envelhecimento ativo. Ao mesmo tempo, tínhamos as aulas do mestrado, principalmente online (já eram assim antes da pandemia). De vez em quando pediam-me, como médico, para ir visitar pessoas doentes nas suas casas. 6) Achas que foi uma experiência enriquecedora a nível profissional? Quais as maiores aprendizagens? Foi, definitivamente, uma experiência muito enriquecedora a todos os níveis. Nunca tinha sido exposto a um nível tão elevado de pobreza. Muitos dos idosos com quem trabalhei não sabiam ler nem escrever (pelo que o MMSE não era o teste mais apropriado, o que foi uma aprendizagem sobre colonialismo na Medicina). Muitos não iam ao médico porque não conseguiam pagar o bilhete de autocarro para chegar ao hospital, que custava 2000 pesos colombianos, cerca de 0,50€. Algo paradoxal, creio que a minha maior aprendizagem foi quando ia às visitas domiciliárias. Todos os que visitei tinham acesso gratuito aos medicamentos prescritos pelo/a médico/a. Porém, falhava muito a parte seguinte, de os ajudar a tomá-los. Vi doentes com diabetes que tomavam a insulina “corretamente” mas não tinham comida e sofriam de hipoglicemia. Outros muito jovens com retinopatia e nefropatia, a fazer diálise justamente porque familiares tinham falecido de hipoglicemia e tinham medo de fazer a insulina. Doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) que confundiam inaladores porque as embalagens têm a mesma cor e não as conseguem distinguir porque não sabem ler. 7) Tiveste oportunidade para conhecer melhor outros colegas e a cidade onde decorreu o estágio? Sim, estava neste elective com mais seis colegas da Universidade de Maastricht e dois da Universidade de McMaster no Canadá (outra universidade parceira e também um dos locais onde há possibilidade de realizar o elective). Passávamos bastante tempo juntos. Também conheci alguns alunos colombianos de Medicina e Saúde Pública que estavam a desenvolver os seus projetos na fundação. A cidade de Bogotá é enorme (cerca de 8 milhões de habitantes) e tem muito para oferecer. Contudo, o destaque vai, sem dúvida, para as viagens ao fim de semana que fazíamos para o resto do país. A Colômbia é muito grande e oferece muitos climas e regiões diferentes, desde o Caribe ao Amazonas, passando por cidades coloniais ou o vale cafeteiro nos Andes. 8) O que mais te marcou nesta experiência? Creio que o que mais me marcou foram as experiências de vida dos idosos colombianos que conheci no bairro El Codito. São várias histórias de pessoas reais cuja saúde e vida é altamente impactada pelos determinantes sociais da saúde. Acho que, como médicos e futuros médicos de saúde pública, é nossa responsabilidade trazer o foco a estes determinantes. O que os nossos colegas fazem na prática clínica é extremamente importante, mas há uma oportunidade de melhorar a saúde (e as vidas) de muitas pessoas com ações relativamente simples que não exigem procedimentos tecnológicos complexos ou breaktroughs científicos avançados. 9) Que conselhos darias a outros internos que gostassem de ter uma experiência semelhante? Como disse, preparar a candidatura a Maastricht o mais cedo possível e levar logo à CRIM para ter uma resposta em tempo útil. Depois, ter em conta que o mestrado é mais longo do que os 3 meses na Colômbia, acaba por ser muito intenso, mas muito recompensador e com muitas oportunidades. Por fim, para os colegas que querem ir para a Colômbia, é mesmo preciso um nível muito elevado de espanhol. O “Portunhol” não serve. Eu ia com o C1 e tive dificuldades, mas até as espanholas que me acompanharam tinham alguns problemas em entender as particularidades colombianas, principalmente com as máscaras e as dificuldades na fala dos idosos. De resto, é preciso ter paciência para o modo de vida latino, as coisas não funcionam tão bem e rápido como estamos habituados, mas funcionam. E sim, é normal e comum as aulas começarem antes das 7 da manhã. 3/9/2021 0 Comentários Marcelo Vieira @ Radboud University – Nijmegen School of Management, Nimega, Holanda; Outubro 2020 - Fevereiro 2021Ano de internato 4º ano de internato, USP Porto Ocidental Como foi o processo de candidatura? Ainda antes do processo de candidatura, julgo ser relevante fazer referência ao processo de escolha do estágio. A minha motivação para a escolha foi quase exclusivamente obter formação em duas metodologias específicas: System Dynamics (SD) e Group Model Building (GMB). Em poucas palavras, SD é uma metodologia de modelação computacional que permite estudar o comportamento de sistemas complexos ao longo do tempo, possibilitando a avaliação do efeito de diferentes políticas/intervenções. GMB é uma metodologia de facilitação de grupos, em que modelos de SD são construídos em conjunto com grupos de peritos. Considerando que não existe em Portugal nenhuma oportunidade de adquirir conhecimentos e competências nestas áreas, tentei contactar investigadores/faculdades no estrangeiro no sentido de perceber a disponibilidade para a realização de um estágio de alguns meses. Este processo implicou a procura de contactos em sites dedicados a estas metodologias, participação em conferências/formações organizadas por entidades relevantes na área, e partilha de opiniões/conhecimentos junto de investigadores portugueses com interesse e contactos nestas áreas. O contacto com a Radboud University – Nijmegen School of Management aconteceu por intermédio de um português que conheci numa conferência internacional, que me indicou um professor desta instituição, que é uma referência mundial nestas áreas, e que viria a ser meu orientador. A partir daí, trocamos emails e facilmente criamos uma proposta de estágio. Não existiu uma candidatura formal perante a instituição que me recebeu para a realização do estágio. Após o contacto informal inicial com o professor da instituição, seguiram-se pequenas burocracias para a oficialização do estágio junto da instituição, que foram facilmente ultrapassadas. O processo burocrático perante o internato médico foi também bastante simples, tendo a coordenação do internato sido bastante facilitadora. O processo demorou cerca de um mês. Quais foram as tuas funções? Como já referi anteriormente, a principal finalidade do estágio foi a obtenção de conhecimentos e competências em duas metodologias específicas: SD e GMB. As minhas principais funções foram orientadas para essa finalidade:
Achas que foi uma experiência enriquecedora a nível profissional? Quais as maiores aprendizagens? A experiência foi extremamente enriquecedora. Deixo algumas reflexões: O contacto com o sistema de ensino universitário público holandês gerou-me grande reflexão. A qualidade do corpo docente é de assinalar, com investigadores de renome, incluindo convidados estrangeiros. O modelo pedagógico assenta em aulas práticas, exigindo grande preparação teórica prévia e realização de múltiplas tarefas/trabalhos, o que é de grande exigência para alunos e docentes. A organização da instituição e dos programas formativos são exemplares. Este espírito de competência, exigência e organização reflete-se em vários aspetos da instituição, sendo este um dos aspetos que mais valorizei no estágio. O “espírito de missão” de muitos profissionais que conheci, que me ajudaram de forma genuinamente interessada e a sua postura despretensiosa. O facto de conviver e integrar grupos de trabalho com pessoas de várias nacionalidades e num contexto multicultural enriqueceu o estágio, permitindo adquirir competências para o trabalho em instituições com equipas multiculturais. As competências que tive oportunidade de desenvolver nas metodologias SD e GMB foram também marcantes na minha evolução profissional, principalmente considerando que tais oportunidades são inexistentes em Portugal. Para além disto, as ligações estabelecidas com investigadores da instituição são essenciais para o desenvolvimento de trabalho com estas metodologias no futuro. Tiveste oportunidade para conhecer melhor outros colegas e a cidade onde decorreu o estágio? O que achaste da Holanda? Devido à situação pandémica na Holanda durante o período de estágio, uma parte do contacto com a faculdade decorreu através de videoconferência. Os encontros de lazer eram desaconselhados, os restaurantes e outros estabelecimentos estavam encerrados. Por tudo isto, o contexto não foi o mais favorável para atividades de grupo, pelo que o contacto com os colegas foi sobretudo em contexto de trabalho. Os museus estavam encerrados, pelo que as obras dos grandes mestres holandeses ficarão para mais tarde, bem como os campos de tulipas, apenas visíveis noutras épocas do ano. Contudo, tive a oportunidade de conhecer bem a cidade e uma parte substancial do país. Contactei com uma dose substancial de bicicletas, canais, moinhos, monumentos, queijos e cervejas (holandesas e belgas) num grande número de cidades holandesas. A Holanda é um país extremamente organizado e desenvolvido, em que os espaços são bem planeados e cuidados, tendo os holandeses uma elevada qualidade de vida. É um país pequeno e concentrado, com muitos pontos de interesse separados por poucos quilómetros. É fácil e relativamente rápido realizar viagens entre as principais cidades. Dentro das cidades, as deslocações são realizadas sobretudo de bicicleta, não sendo necessário utilizar outros transportes. A dificuldade em arranjar alojamento por poucos meses e os preços praticados (consideravelmente mais elevados do que em Portugal) são os únicos pontos negativos do país e do estágio. O que mais te marcou nesta experiência? Para além de todas as aprendizagens já referidas, que considero ser o mais marcante desta experiência, foi também marcante a viagem que fiz por todo o país. Pude alugar carro e visitar uma parte substancial do país, como as suas principais cidades e diversos pontos turísticos. O facto de ter realizado esta experiência numa altura de pandemia, em que o número de pessoas a circular era muito reduzido, permitiu-me conhecer uma realidade distinta do habitual, mas muito marcante e interessante. Um exemplo foi poder circular de carro e estacionar sem dificuldade no centro de grandes cidades, como Amesterdão, Roterdão, Utrecht, Haia ou Eindhoven, conhecer os principais pontos turísticos…e passar à cidade seguinte! Que conselhos darias a outros internos que gostassem de ter uma experiência semelhante? Antes de mais, recomendo a todos os colegas que não deixem de aproveitar a possibilidade de realizarem um estágio fora do país. O contacto com realidades distintas das que conhecemos faz-nos evoluir em muitos níveis e adquirir competências importantes, além de ter o potencial de aportar contributos importantes para a Saúde Pública em Portugal. Para os colegas que, como foi o meu caso, tenham identificado uma área de interesse, recomendo que repitam os passos que realizei: procurar contactos de investigadores/profissionais/instituições (procurem por contactos na internet, em conferências e, sobretudo, através de outras instituições/investigadores portugueses que possam ter ligação à área de interesse) e não se inibam de enviar emails e apresentar as vossas propostas de estágios. A minha perceção é que, pelo menos em instituições de cariz académico, existe grande abertura para dar oportunidades formativas a quem estiver interessado na sua valorização. |
Histórico
Janeiro 2024
CategoriasTudo Constança Carvalho Diogo Martins Gisela Leiras Guilherme Duarte João Mota João Pedro Vieira Maria Moitinho De Almeida Marta Lemos Miguel Marques Paulo Luís |
Contactos
Email
newsletter.cmisp@gmail.com |
Twitter
twitter.com/saudemaispubli1 |
Instagram
instagram.com/saudemaispublica |