Nome
Vera Leal Pessoa Instituição/Conferência/Encontro, Cidade e País Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) - Lisboa, Portugal | 1 a 31 de dezembro de 2017 Como foi o processo de candidatura? No decorrer do Ano Comum, especificamente no período de estágio dedicado à Saúde Pública, o qual realizei na Unidade de Saúde Pública (USP) do ACES Alentejo Central, tive a oportunidade de conhecer um médico de Saúde Pública, na altura recém especialista, que me motivou e me deu a conhecer as instituições existentes ao nível regional e nacional, onde haveria a hipótese de realizar o estágio opcional, com a duração de um mês, inserido no primeiro ano do Internato Médico. As instituições foram informalmente contactadas pelo Colega, que por intermédio do Coordenador da respetiva USP, o meu futuro orientador, me informou quanto à possibilidade de realizar o estágio no Departamento de Epidemiologia (DEP) do INSA. Posteriormente, contactei formalmente o tutor de estágio que estaria disponível para me receber no período em causa, e procedi ao pedido de estágio opcional junto da Direção do Internato Médico do hospital onde estava colocada, que formalizou o mesmo junto da respetiva instituição. Saliento que a duração do processo, desde o estabelecimento do primeiro contacto até à aprovação do estágio, foi de, aproximadamente, dois meses. Importa ainda referir que no decorrer do processo já havia escolhido a vaga de Saúde Pública do Alentejo Central, o que, a meu ver, não só motivou fortemente o meu interesse, como poderá ter constituído um elemento facilitador de toda a burocracia envolvente. Achas que foi uma experiência enriquecedora a nível profissional? Quais as maiores aprendizagens? Decididamente, que sim! Na maior proporção ao nível profissional, mas também ao nível pessoal. O entusiasmo teve início, desde logo, na hipótese de realizar um estágio opcional de um mês, no Ano Comum, na especialidade na qual me formarei no futuro, e, numa instituição de âmbito nacional, que me possibilitou um open mindface à transdisciplinaridade da Saúde Pública. Se me pedissem para descrever a minha experiência, adjetivava-a da seguinte forma: versátil, motivante e inesperada. Versátil porque me deu a oportunidade de conhecer uma panóplia distinta de atividades e projetos desenvolvidos e em desenvolvimento pelo DEP, ao nível nacional, desde os estudos descritivos aos analíticos, passando pelas inúmeras redes de observação e vigilância, em temáticas como o tabaco, o álcool e outros determinantes de saúde, a gripe e a efetividade de vacinas, os efeitos do calor e do frio, os eventos de massa, entre tantas outras, que, na altura, se encontravam bem longe da minha realidade pessoal e profissional. Motivante porque tive a oportunidade de conhecer profissionais, com formação e experiência nas mais diversas áreas (Epidemiologia, Bioestatística, Informática, Geografia, Engenharia, Psicologia, etc), e que se dedicam, todos eles, à investigação da Saúde Pública e dos seus determinantes, à monitorização e vigilância do estado de saúde e de doença da população residente em Portugal, e à comunicação e prevenção do risco, que tanto influenciaram positivamente o meu processo de aprendizagem, fomentando a necessidade de basear o meu conhecimento em evidência e o meu pensamento crítico, nos mais diversos âmbitos, desde da componente técnica às soft skills. E por último, inesperada, no sentido de ter sido uma surpresa francamente inesperada, mais uma vez pela oportunidade de conhecer e explorar o que é realizado ao nível central na esfera da Saúde Pública, sendo que, na maioria das vezes, os internos acabam por iniciar o contacto com a especialidade através das atividades desenvolvidas pelos Médicos de Saúde Pública, pelos Enfermeiros, pelos Técnicos de Saúde Ambiental, e pelos demais profissionais, ao nível local, na área de abrangência da USP de colocação. Por forma a fazer uma breve contextualização do INSA e do Departamento que tive oportunidade de conhecer, importa referir que a instituição tem a sua sede em Lisboa, dispondo também de unidades operativas em centros no Porto e em Águas de Moura, sendo composta por seis departamentos técnico-científicos: Alimentação e Nutrição, Doenças Infeciosas, Epidemiologia, Genética Humana, Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis, e Saúde Ambiental. O DEP está também organizado em várias unidades: a Unidade de Observação em Saúde e Vigilância Epidemiológica (ONSA), a Unidade de Investigação Epidemiológica (IEP), a Unidade de Investigação em Serviços e Políticas de Saúde (ISP), e a Unidade de Avaliação Externa da Qualidade (AEQ). A equipa multidisciplinar do DEP, dedica-se, entre tantas outras, às seguintes atividades: produção de dados destinados à investigação e à vigilância, através de instrumentos como o Inquérito Nacional de Saúde, a Rede de Médicos Sentinela, o Índice de Alerta ÍCARO e o Sistema de Vigilância Diária da Mortalidade; realização de previsões e desenho de cenários sobre a ocorrência de situações com potencial impacto na saúde da população; promoção da divulgação do conhecimento científico que a própria instituição produz (através, por exemplo, do Boletim Epidemiológico “Observações”), bem como a que outros stakeholdersproduzem; e, formação e capacitação de profissionais, internos e externos à instituição, dentro e fora do Ministério da Saúde. Para além disso, no âmbito das suas competências na área da formação e difusão da cultura científica, urge-me enfatizar que o INSA gere e promove o Museu da Saúde, contribuindo para a conservação essencial do património histórico da saúde. No decorrer do período de estágio tive, ainda, a oportunidade de valorizar e fortalecer a minha experiência profissional através da participação numa das reuniões técnicas de preparação da avaliação do Plano Nacional de Saúde (PNS) 2020, que decorreu nos dias 14 e 15 de dezembro de 2017, em Lisboa. O PNS 2012-2016 é o documento estratégico português em matéria de Saúde, tendo o Ministério da Saúde, em 2015, decidido estender a sua duração até 2020, abrangendo e assumindo os compromissos no âmbito do novo quadro europeu de política de saúde – Health 2020, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Neste processo, está prevista a avaliação final da extensão do PNS a 2020, sendo o INSA a entidade responsável por efetuar esta avaliação. A reunião em que participei, marcou o início de um processo consultivo de peritos, instituições académicas e do setor da saúde, relevantes ao nível central e regional, com o intuito de obter um consenso entre um número alargado de stakeholders, sobre a fase de planeamento da avaliação do PNS, em articulação com a Direção Geral da Saúde, tendo contado, ainda, com o suporte técnico da Região Europeia da OMS. Este encontro técnico permitiu-me iniciar o contacto com a metodologia do planeamento e da avaliação em saúde, bem como da implementação de planos de saúde, pilares fulcrais para a prática efetiva da Saúde Pública, desde o nível nacional ao local, e ainda, iniciar a criação da minha rede de contactos, sobretudo graças à diversidade dos participantes e palestrantes envolvidos. A abertura e a proximidade dos diversos intervenientes foram constantes, tendo-me sido dada a oportunidade de participar ativamente nas atividades desenvolvidas no decorrer do encontro, integrando inclusive os grupos de trabalho e colaborando na apresentação das discussões. Tiveste oportunidade para conhecer melhor outros colegas e a cidade onde decorreu o estágio? Gostaria de destacar a disponibilidade constante, a relação de proximidade e a integração promovida por toda a equipa do DEP, no decorrer de todo o meu período de estágio: desde a receção/apresentação, à partilha e à inclusão nas atividades do dia-a-dia, aos esclarecimentos prestados a propósito dos projetos em que estiveram e estão envolvidos, até ao estímulo e aos desafios que me foram sendo lançados diariamente, enquanto jovem interna. Durante o mês que estive no DEP, tentei explorar ao máximo todos os recursos e serviços disponíveis, bem como todo o conhecimento técnico-científico que foi sendo facultado. Particularmente, a oportunidade de participar na reunião anteriormente descrita foi uma experiência efetivamente incrível e muitíssimo enriquecedora. Realço ainda que, se um dos meus objetivos era contactar e explorar o nível nacional, na reunião técnica em causa, não só o cumpri, como atingi um nível superior, tendo conhecido e trabalhado de perto com representantes de instituições de relevo ao nível nacional, como também com peritos da OMS, que desde logo promoveram o estabelecimento de uma comunicação de proximidade e a translação constante do conhecimento nas matérias em discussão. O que achaste da cidade? Tendo realizado o meu percurso académico em Évora e na Covilhã, e apesar da proximidade geográfica existente entre Évora e Lisboa, infelizmente, ainda não foi nesta altura que fiquei a conhecer a cidade de Lisboa tanto quanto gostaria. Sendo que, durante todo o mês de dezembro, pela disponibilidade da rede de transportes existente, me desloquei diariamente de comboio, entre Évora e Lisboa, sobrou-me muito pouco tempo para conhecer a cidade. Saía de Évora pelas 7h00, chegava a Entrecampos pelas 8h30, caminhava até ao metro, deslocava-me até ao Campo Grande, e caminhava pouco mais que um quilómetro até ao INSA; e, no fim do dia, pelas 18 horas, fazia o caminho contrário. Ainda assim, pude contactar de perto com o tráfego rodoviário intenso e com a mobilidade constante de pessoas, que tão bem caracteriza a cidade de Lisboa. O que mais te marcou nesta experiência? A versatilidade de todas as atividades que tive oportunidade de experienciar, o discurso motivador dos diversos profissionais que tive oportunidade de conhecer, a sua disponibilidade e a relação de proximidade constantes, bem como o forte incentivo à prática da Saúde Pública baseada na evidência. Mas… Mais do que tudo isso, e focando-me especificamente na reunião técnica na qual participei, destaco a importância da transdisciplinaridade e da criação e fortalecimento de parcerias entre instituições, quer seja dentro ou fora do setor Saúde, quer sejam públicas ou privadas. Se o foco é garantir o acesso e a equidade nos serviços de saúde prestados e obter os maiores ganhos em saúde para toda a população, então há que proteger e promover ao máximo, estes e outros valores. Que conselhos darias a outros internos que gostassem de ter uma experiência semelhante? Em jeito de conclusão, e considerando que, apesar de nos serem dadas oportunidades ao longo do Internato Médico de Saúde Pública, de contactar tanto com diversas instituições ao nível local e regional no nosso dia-a-dia, como com o nível nacional e internacional aquando da realização dos vários estágios inseridos no Programa de Formação do Internato e das formações extra que realizemos em prol do desenvolvimento de competências em áreas específicas do nosso interesse, aconselho todos os Médicos Internos de Saúde Pública a explorarem, o mais precocemente possível, todas as possibilidades de estágios e de formações que se encontram disponíveis. Contactem os internos mais velhos, promovam a partilha de informação entre colegas, e não tenham receio de contactar as instituições do vosso interesse. Em caso de necessidade de obtenção de esclarecimentos adicionais, poderão entrar em contacto comigo, através do seguinte endereço de e-mail: [email protected].
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