30/12/2019 0 Comentários BRUNO CASTRO @ Ministére de la Santé et des Services Sociaux - Québec, CANADÁNome
Bruno Castro, 4º ano, USP Alto Minho (ULSAM) Instituição/Conferência/Encontro, Cidade e País Estágio Opcional do Internato Médico de Saúde Pública - Institut National d’Excellence en Santé et Service Sociaux (INESSS), Institut National de Santé Publique du Québec (INSPQ), Centre Intégré Universitaire de Santé et Service Sociaux de l’île de Montreal (CIUSSS Montréal) e de Laval (CISSS de Laval) e Ministére de la Santé et des Services Sociaux du Québec (MSSSQ). Como foi o processo de candidatura? Após a conclusão do meu Curso de Especialização no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, interiorizei que o meu estágio Opcional seria a oportunidade perfeita para alargar fronteiras e conhecer uma realidade diferente da nossa. Assim, e na sequência das boas relações que o IHMT mantinha com as estruturas de Saúde no Québec, percebi que poderia explorar esta possibilidade. Contactei os responsáveis do Instituto (Professora Zulmira Hartz e Professor Paulo Ferrinho) que agilizaram a articulação com o Dr Luc Boileau (PDG do INESSS) e que me recebeu de braços abertos. Achas que foi uma experiência enriquecedora a nível profissional? Quais as maiores aprendizagens? Quando pensei no Québec, já conhecia os elevados padrões da região em termos de Saúde, bem como em todos os determinantes da mesma. Depois de começar a conhecer as estruturas, as minhas expectativas confirmaram-se. Tive a oportunidade de contactar com todos os níveis de decisão: desde o mais estratégico (o Diretor Nacional de Saúde Pública) até ao nível mais operacional, o equivalente às nossas USP. Para além disto, foi possível realizar reuniões em contexto semi-informal com antigos decisores na área da Saúde, unanimemente reconhecidos pela comunidade local. Todas estes momentos culminaram naquilo que considero ter sido uma experiência marcante. O Canadá é um conhecido modelo de tolerância e valores, que se confirmaram na forma como as organizações trabalham e priorizam os seus problemas. A noção de trabalho em equipa saiu reforçada: percebi que existe a clara noção de que nenhum médico (de Saúde Pública ou de qualquer outra especialidade) é detentor de todos os campos de sabedoria e que é fundamental “delegar” algumas competências em profissionais melhor preparados. Exemplificando: o médico de Saúde Pública deve possuir conhecimentos de Economia da Saúde mas, para abordar algumas problemáticas, é indispensável o trabalho de um Economista de base para que se crie valor. Toda esta árvore de decisões estava muito bem implementada em todas as organizações. Tiveste oportunidade para conhecer melhor outros colegas e a cidade onde decorreu o evento? O meu estágio passou-se em Institutos e órgãos onde, por norma, médicos internos não estão presentes. Este foi talvez um dos pontos menos fortes neste estágio, mas que também me obrigou a ajustar e a encontrar estratégias para reunir com todos os profissionais. Conheci Montréal praticamente na sua totalidade, mas também tive a oportunidade de visitar Ottawa, Toronto e a Vila de Québec. Considero importante conhecer muito bem a cidade onde vivo e trabalho para melhor compreender algumas problemáticas sociais e culturais. Montréal, a cidade mais desenvolvida da província, com perto de 2 milhões de habitantes e uma costela anglófona marcada foi claramente diferente da Vila do Québec (a capital administrativa), que era integralmente francófona e habitantes mais dependentes de setor primário. Não me foi possível conhecer mais cidades do Québec, mas li sobre elas e percebi que o Québec inclui grandes cidades, mas também uma imensa área rural que subsiste da exploração de recursos naturais. As cidades de Toronto e Ottawa visavam outros pontos de interesse: Ottawa, a capital administrativa e local das decisões nacionais (e da Carta homónima, por nós conhecida) era conhecida por um dos melhores museus de História do país e Toronto, a capital financeira do país, permitiu conhecer a província vizinha do Québec (Ontario) e muitas das diferenças culturais entre províncias. O que achaste da cidade? Caracterizaria a cidade de Montréal como uma cidade tipicamente europeia, com rasgos americanos. Digo isto porque encontramos nos arredores, bairros tipicamente europeus na arquitetura e distribuição das casas, a fazer lembrar Paris ou Amesterdão e um centro tipicamente norte-americana com prédios altos e uma imensa rede de metro por baixo dos mesmos. A riqueza demográfica, com comunidades europeias, africanas, asiáticas e sul-americanas, permitia obter produtos de todas estas zonas do globo e fazer com que nos sentíssemos em diferentes ambientes. Esta combinação de experiências e multiplicidade de indivíduos, faz com que Montréal tenha sido uma experiência extremamente agradável. Único contra: o mercado imobiliário está a sofrer fortes aumentos no preço de casas. Se pensarem em ir, conselho importante: criem um bom fundo de maneio. O que mais te marcou nesta experiência? Eu diria que o mais me marcou nesta experiência foi algo transversal a nível pessoal e profissional: a educação e civismo dos canadianos. No meu percurso para o trabalho, não se viam cidadãos a sujar nenhum espaço público, um respeito pelos mais velhos em todos os transportes públicos, a extrema correção em todos os meios. A nível profissional, manifestou-se pelo exemplar cumprimento de horários, a ordem que imperava em reuniões decisivas no futuro das instituições e a cordialidade que resultava das mesmas. Eu senti que a dinâmica era de trabalho sério e competente, nos respetivos períodos. Esta aparente rigidez nunca condicionou o comportamento dos membros das Instituições: sempre fui extremamente bem recebido e foi-me manifestado o maior interesse em também conhecer aspetos de Portugal. Que conselhos darias a outros internos que gostassem de ter uma experiência semelhante? Eu gostaria de deixar alguns conselhos aos colegas mais jovens que estão agora numa fase de decisões. O primeiro grande conselho que deixo é: o estágio Opcional serve para nos completar pessoal e profissionalmente e é a altura perfeita para explorar outras realidades e contextos. Assim, uma experiência no estrangeiro é altamente recomendada. O segundo grande conselho que deixo tem a ver com a forma como encaram a experiência. Vão adquirir competência técnicas e teóricas, mas antes e durante o Estágio procurem informar-se sobre a História e as raízes do país/cidade que escolheram. Eu estive no Québec, a única província francófona do Canadá. Uma das minhas grandes preocupações foi perceber como são as províncias, porque é que o Québec é francófono e as restantes não e saber como é que esta luta anglofonia-francofonia se desenrolava no dia-a-dia. Visitei o Museu de História do Canadá, fui conhecer a província vizinha e percebi como as guerras entre Inglaterra, França, EUA e povos autóctones marcam, ainda hoje indelevelmente, a história deste país. Por isso, abram também os horizontes desse conhecimento. O terceiro conselho, julgo que mais básico, é: aproveitem tudo o que vos for oferecido como oportunidade de formação e ofereçam-se para apresentar algo da Saúde Pública de Portugal. De resto, digo apenas: aproveitem bem, seja onde for e, muito importante, levem uma boa garrafa de vinho do Porto antes do estágio para darem ao Responsável de Estágio no fim… TODA a gente venera os vinhos portugueses. Mais informações: [email protected]
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