Nome
Ana Beatriz Nunes Instituição/Conferência/Encontro, Cidade e País Visita técnica IHMT- Quebéc, Montréal, Canadá | 2 a 5 de Julho de 2019
Como foi o processo de candidatura? A visita técnica foi organizada pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT-NOVA), no âmbito do Curso de Especialização em Saúde Pública (CESP), pelo que todos os antigos e actuais alunos foram convidados a integrar a comitiva. Uma vez que realizei o CESP no IHMT-NOVA em 2018, fui naturalmente convidada, não tendo sido necessário passar por nenhum processo de candidatura específico. Achas que foi uma experiência enriquecedora a nível profissional? Quais as maiores aprendizagens? Sem dúvida! A visita técnica teve como principal objetivo conhecer o Sistema de Saúde do Québec, nomeadamente os seus sucessos e desafios, e as estratégias implementadas para fazer face às iniquidades em saúde. Adicionalmente, tinha também como objetivo pessoal compreender a organização dos serviços de Saúde Pública e as atividades desempenhadas pelos médicos de Saúde Pública nos vários níveis do sistema. Para tal, para além de visitar instituições prestadoras de cuidados de saúde (hospitalares e de cuidados de saúde primários), tive oportunidade de ouvir as perspetivas de figuras proeminentes do Sistema de Saúde do Québec e da área da Saúde Pública em particular, incluindo o Dr. Luc Boileau (Presidente e Diretor-Geral do INESSS), o Dr. Horácio Arruda (Diretor Nacional de Saúde Pública e Vice-Ministro Adjunto Direcção-Geral de Saúde Pública) ou o Professor Doutor Denis Roy (Vice-presidente para Ciência e Governação Clínica do INESSS). As várias visitas primaram pelo diálogo franco e genuína vontade de partilhar saberes e experiências, só possível pela amabilidade e disponibilidade de todos os que nos receberam. No que concerne a aprendizagens propriamente ditas, saliento a mais-valia de compreender o funcionamento de um sistema de saúde muito diferente do português, mas baseado nos mesmo valores fundamentais; a forma como se implementa, de facto, o conceito de value-based healthcare; e, sobretudo, como os serviços e profissionais de Saúde Pública podem ocupar um lugar mais central em todo o sistema de saúde e serem líderes e agentes de mudança no sentido da produção de valor. A visita técnica permitiu-me ainda adquirir conceitos inovadores, pouco divulgados ou trabalhados em Portugal, como os learning health systems. Tiveste oportunidade para conhecer melhor outros colegas e a cidade onde decorreu o evento? Sendo uma comitiva apenas integrada por alunos do CESP do IHMT-NOVA, já conhecia todos os colegas. Por outro lado, e dado que a agenda diária foi preenchida por visitas a várias instituições, não tive oportunidade de conhecer médicos ou outros profissionais de saúde pública que não os nossos “mestres de cerimónia”. De qualquer modo, a visita permitiu-me não só estreitar amizades com os colegas que integraram a comitiva, como também visitar a cidade e desfrutar dos concertos a decorrer no âmbito do Festival Internacional de Jazz de Montréal. O que achaste da cidade? Gostei bastante. Montréal é uma cidade em que se nota claramente a influência europeia, muito cultural, cheia de espaços verdes e com um bom sistema de transportes públicos. É também uma cidade caminhável, sobretudo na zona do antigo porto, ponto de visita obrigatório para quem gosta de apreciar a “movida” de uma cidade. Felizmente, como referi anteriormente, a visita técnica coincidiu com o Festival Internacional de Jazz de Montréal, pelo que pudemos fruir de um ambiente particularmente festivaleiro e cultural na cidade. O que mais te marcou nesta experiência? Ver como um Sistema de Saúde que tem igualmente como core value a Universalidade está tão distintamente organizado do Sistema de Saúde português foi surpreendente. Destacaria também como aspectos marcantes, a constante orientação para os resultados em saúde das lideranças técnicas, o foco na avaliação de intervenções, permitindo a constante melhoria do sistema, e a participação do cidadão (e não apenas enquanto utente/doente) em todo o processo de planeamento. Considerando a importância dos determinantes sociais de saúde na ação em Saúde Pública e o facto de na província do Québec os Serviços Sociais e a Saúde estarem sob alçada do mesmo Ministério, esperava ver uma maior integração do sector social na prática quotidiana de Saúde Pública. Que conselhos darias a outros internos que gostassem de ter uma experiência semelhante? Coloquem as vossas competências de advocacy em prática e promovam a realização de visitas técnicas a instituições (inter)nacionais. Conhecer os modi operandi de serviços de Saúde Pública com uma cultura institucional mais assente na avaliação de resultados e impacte em saúde, bem como com uma forte componente de multidisciplinaridade e participação comunitária é uma vantagem, para vós e para os vossos serviços, na medida em que vos permite valorizar o que de muito bom se faz em Portugal, mas também questionar e repensar os vossos mapas conceptuais do que é, e pode ser, Saúde Pública. Visitar outras instituições permite-vos, pois, importar (e exportar) boas-práticas e inovações. Façam networking, contactem as instituições do vosso interesse, organizem as visitas técnicas se assim tiver de ser...verão que vale a pena! Se necessitarem de informações adicionais, estou a dispor através do email ([email protected]) ou do Twitter (@abeatriznunes).
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