Actualmente, a vigilância da gripe em Portugal está operacionalizada através do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, coordenado pelo Laboratório de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios. Este programa tem como objectivos:
Dada a sazonalidade das epidemias de gripe no hemisfério norte, o período de vigilância da gripe decorre entre a semana 40 e a semana 20 do ano seguinte, isto é, entre Outubro e Maio, sendo este o período em que se encontra activo o Programa Nacional de Vigilância da Gripe em Portugal. A informação produzida contribui para a produção de conhecimento necessário para a escolha das estirpes virais a incluir na vacina contra a gripe e apoia a implementação de medidas de protecção e controlo, de nível colectivo ou individual (por exemplo, planeamento das campanhas de vacinação ou implementação de orientações técnicas sobre o uso de antivirais). A informação gerada ao longo da época de vigilância da gripe é publicada às quintas-feiras no Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe que é divulgado no site do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Esta informação é ainda disponibilizada através do site Saúde Sazonal. De todas as Redes que integram o Programa Nacional de Vigilância da Gripe, a Rede Médicos Sentinela é aquela que integra ambas as componentes do Programa, isto é, a componente clínica e a componente laboratorial, contribuindo assim para todos os objectivos do programa de vigilância. A Rede Médicos Sentinela é constituída por Médicos de Família (ou Médicos Internos de Medicina Geral e Familiar) com lista de utentes atribuída e que de forma voluntária, contínua e sistemática, identificam os casos incidentes dos eventos de saúde em observação em cada ano. A síndrome gripal é um dos eventos em observação desde 1989, sendo possível estimar semanalmente a taxa de incidência semanal de síndrome gripal. Os casos de síndrome gripal identificados são validados de acordo com a definição de caso estabelecida para a vigilância da gripe e a uma sub-amostra de casos de síndrome gripal é colhida uma amostra biológica que permite a identificação do vírus da gripe. Este aspecto é de grande importância uma vez que, para além de contribuir para a caracterização dos vírus da gripe em circulação, permite também estimar a proporção de infecções pelo vírus da gripe no total de casos de síndrome gripal. Tal possibilita o cálculo de um indicador mais próximo da taxa de incidência de gripe - Índice de Goldstein - que resulta do produto da taxa de incidência de síndrome gripal pela proporção de casos positivos para gripe. Por outro lado, a existência de um histórico deste indicador de várias décadas, possibilita o estabelecimento de uma linha de base da actividade gripal que nos permite, com facilidade, identificar os níveis de actividade gripal acima do esperado (actividade epidémica) e caracterizar as epidemias de gripe segundo a sua intensidade. Por último, saliento que a metodologia da Rede Médicos Sentinela referida, por vezes, como antiquada, ao invés de uma desvantagem, tem-se revelado uma vantagem pela sua flexibilidade e facilidade de inclusão de novas variáveis (o que pode ser necessário, por exemplo, perante uma pandemia). Ana Paula Rodrigues
Assistente de Saúde Pública e Coordenadora da Rede Médicos Sentinela Agradeço a revisão e contributos da Dr.ª Raquel Guiomar, Responsável do Laboratório de Referência para a Gripe e outros Vírus Respiratórios.
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Fevereiro 2024
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