A economia comportamental é uma área que estuda a influência de fatores psicológicos, emocionais, cognitivos e sociais na tomada de decisão. Por outras palavras, esta disciplina esclarece como são feitas as escolhas das pessoas, com base em experiências pessoais, hábitos e regras simplificadas. Este é o tema central do livro Nudge, onde o autor desenvolve este conceito através de casos práticos, em questões relacionadas com a saúde, a riqueza e a felicidade. Nudge pode ser visto como o empurrão que nos ajuda a tomar as melhores decisões, em detrimento de outras. Estes pequenos fatores estão presentes em várias situações diárias das nossas vidas, desde a colocação estratégica de doces nas caixas de supermercado até às tentativas de upselling nos restaurantes. Porém, muitas vezes, esses estímulos persuasivos podem levar as pessoas a tomar decisões que não são as melhores para si. Um dos termos abordados na primeira parte do livro é a chamada arquitetura da escolha, conceito criado pelos próprios autores, onde nos são demonstradas as várias maneiras pelas quais as escolhas podem ser apresentadas aos indivíduos e o impacto que esta apresentação pode ter na tomada de decisão. Os autores defendem que o Estado pode intervir nas decisões da sua população, em prol da sua melhor decisão, mas mantendo sempre a liberdade de escolha, posição também já defendida por outros autores (1). A definição dos dois sistemas do pensamento humano está também bem descrita na parte inicial do livro, anteriormente definida num livro intitulado Thinking, Fast and Slow. Os sistemas definidos são o sistema automático e o sistema refletivo. Pela influência destes dois sistemas, o autor enumera uma série de vieses que influenciam a escolha dos cidadãos. Na parte relativa ao dinheiro e às poupanças, o autor começa por abordar soluções que poderão ajudar as pessoas a gerir as suas poupanças e refere, também, os mercados de crédito e o investimento ingénuo e as suas ligações com a arquitetura da escolha. Já na terceira parte, é abordado o tópico da saúde, onde o autor faz uma revisão do plano de prescrição de medicamentos do governo de George W. Bush e retrata também como será possível aplicar o conceito de nudge na proteção ambiental e planetária. Na quarta parte, o autor dá enfoque à arquitetura das escolhas que deve ser implementada nas escolas, de forma a que os alunos consigam tomar as melhores decisões possíveis e aperfeiçoar o seu percurso académico. Este tópico é, sem dúvida, atual e encontra-se bastante patente em várias áreas como a economia, a medicina, a saúde pública, a política, entre outras. Este livro informa sobre uma forma adicional de analisar o comportamento, o pensamento e a psicologia nos humanos e retirar conclusões para a melhor tomada de decisão. A sua integração com a Saúde Pública é facilmente depreendida, no sentido em que a economia comportamental poderá fornecer uma perspetiva empírica de como os indivíduos tomam decisões e, desta forma, atingir impactos significativos nos seus comportamentos (2). São já muitas as iniciativas governamentais colocadas em prática que incorporam conceitos de economia comportamental para melhorar a saúde, a tomada de decisão e a eficiência governamental na elaboração de políticas de saúde (3). Bibliografia
Autoria Joana Carvalho Edição Joana Silva Revisão Filipa Gomes “The first misconception is that it is possible to avoid influencing people’s choices.” “Just as no building lacks an architecture, so no choice lacks a context.” “Doctors are crucial choice architects, and with an understanding of how Humans think, they could do far more to improve people’s health and thus to lengthen their lives.”
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