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Desde o primeiro caso registado em janeiro de 2025, Angola enfrenta um surto de cólera que se tem espalhado rapidamente deixando um rasto de preocupação nas comunidades (Figura 1). Até 21 de Maio, foram registados mais de 21 000 casos e quase 700 mortes em 18 das 21 províncias do país. A taxa de mortalidade é de 3,7%, ultrapassando o limiar de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1%. (1,2) Figura 1. Número de casos de cólera por semana epidemiológica (n= 12,193), até 12 de abril de 2025. O Ministério da Saúde, em colaboração com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a OMS, têm exercido um papel essencial no combate à cólera, fornecendo materiais de comunicação para mudança de comportamento, para tratamento de água e higiene, e kits de teste para a monitorização da qualidade da água. Foram estrategicamente colocados nas áreas mais afetadas, Centros Tratamento da Cólera (Figura 2) que têm sido fundamentais para garantir que pacientes infetados recebam o tratamento de emergência necessário na sua localidade, de modo a reduzir a mortalidade e facilitar o acesso a cuidados médicos imediatos. Também se tem investido na mobilização comunitária e formação de voluntários para que a informação e os cuidados cheguem à população. (1) Figura 2. Centros de Tratamento de Cólera, centros que têm sido fundamentais para garantir que os pacientes infetados recebam o tratamento de emergência necessário na sua localidade. A cólera é uma infecção intestinal bacteriana aguda causada pelo Vibrio cholerae toxigénico sorogrupo O1 (biótipos clássico e El Toro) ou sorogrupo O139. As estirpes toxigénicas de V. cholerae O1 são a fonte de uma pandemia global em curso que começou em 1961, enquanto o sorogrupo O139 foi isolado na Ásia e agora é raramente relatado. É transmitida mais frequentemente a partir de água contaminada, onde o microrganismo ocorre naturalmente ou após contaminação fecal das fontes de água. É também transmitida por alimentos contaminados, crus ou mal cozinhados. (3,4) Viajantes para áreas onde a cólera é endémica ou está em curso epidemia ativa correm risco de infeção. Pessoas sem acesso a água ou alimentos seguros, que não seguem as recomendações de lavagem das mãos ou não usam sanitários ou sistemas de saneamento correm maior risco de infeção. (4) O período de incubação de horas até 5 dias, seguido de diarreia aquosa, dor abdominal ou febre. A infeção é usualmente leve ou assintomática, mas pode ser grave. A cólera grave ocorre em aproximadamente 10% dos episódios e é caracterizada por diarreia aquosa profusa, com fezes em "água de arroz", frequentemente acompanhada de náuseas e vómitos, que podem levar rapidamente à depleção grave de volume. O diagnóstico é realizado através de coproculturas em meio seletivo. (3,4) A rápida reposição de fluídos é a base do tratamento da cólera. Administrar solução de reidratação oral e quando necessário, fluidos e eletrólitos intravenosos. A administração oportuna de volumes adequados reduzirá a taxa de letalidade para <1%. Antibióticos em alguns casos poderão ser necessários. (3,4) Figura 3. Mapas de casos cumulativos de cólera (esquerda), óbitos cumulativos de cólera (centro) e taxa de letalidade cumulativa (direita), dados de 12 de abril de 2025. Fonte Boletim Epidemiológico Semanal: Cólera em Angola – Semana Epidemiológica nº 15, República de Angola, Ministério da Saúde, Direção Nacional de Saúde Pública
Num esforço decisivo para conter a propagação do surto de cólera em Angola (Figura 3), a OMS e UNICEF assinaram em maio, em Luanda, um Memorando de Entendimento que marca o lançamento formal de uma iniciativa conjunta de apoio ao Governo de Angola na resposta de emergência destinada a salvar vidas e travar a propagação da cólera. O acordo realça o compromisso para implementar o projeto “Travar a propagação: acelerar as intervenções contra a cólera que salvam vidas em Angola”, que inclui intervenções cruciais nos domínios da saúde, água, saneamento e higiene (WASH), e que conta com apoio financeiro da União Europeia, no valor de 1 milhão euros. O plano de acção conjunto integra iniciativas que incluem:
A iniciativa conjunta, está alinhada com o Plano Nacional de Prevenção e Controlo da Cólera de Angola, e visa reduzir a mortalidade relacionada com a cólera em 75% nas províncias mais afetadas nos próximos quatro meses, através de acções de emergência dirigidas a mais de 500 mil pessoas em todo o país, com especial incidência nas crianças, idosos e pessoas com deficiência. (2) Referências
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